ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 07.03.89.
Aos sete
dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Quarta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Extraordinária da
Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato,
Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi
Morelli, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto
Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José
Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz
Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da
Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de
"quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos, solicitou à
Verª. Letícia Arruda que procedesse à leitura de trecho da Bíblia e determinou
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Terceira Sessão Ordinária da
Segunda Sessão Legislativa Extraordinária, a qual foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 03 Pedidos de Informações acerca do
fechamento da Avenida Beira-Rio nos fins de semana e programação que vem sendo
realizada nessa ocasião; sobre as condições de acesso à Vila Restinga e sobre a
paralisação das obras de pavimentação da Estrada Costa Gama; pelo Ver. Edi
Morelli, 02 Pedidos de Providências, solicitando canalização de rede de água na
Rua Dona Otília, entre Rua Cruzeiro do Sul e Avenida Capivari; solicitando
providências da SMAM em relação aos animais do Parque Farroupilha (Redenção), à
falta de iluminação, vassouras e zeladores (há apenas três), ao acúmulo de
lixo, bem como ao estado precário dos monumentos daquele parque; pelo Ver.
Jaques Machado, 02 Pedidos de Providências, solicitando a retirada de duas
árvores da Rua Lusitana n° 193, defronte a uma garagem; e a transferência de
boca-de-lobo localizada na Rua Cap. Pedro Werlang, defronte ao n° 1490; pelo
Ver. Leão de Medeiros. 01 Pedido de Providências, solicitando a conservação do
ajardinamento e limpeza da Praça Júlio de Castilhos, na Avenida Independência
com Rua Mostardeiro; pelo Ver. Mano José, 03 Pedidos de Providências,
solicitando a conservação e complementação do acostamento na Rua Ten. Ary
Tarragô, nas proximidades do n° 300 até a confluência da Avenida Protásio
Alves; troca de lâmpada nessa mesma avenida, junto ao n° 241, nas imediações da
confluência da Avenida Protásio Alves; e extensão do calçamento existente na
Travessa Américo Silveira, próximo ao n° 51, em uma distância aproximadamente
de 100 metros; e pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Pedido de Providências,
solicitando a limpeza e capina em toda a extensão da Avenida Nilo Peçanha, em
especial, próximo à área do Shopping Center Iguatemi. Do EXPEDIENTE contaram:
Circular n° 98/89, da Câmara Municipal do Recife, e Ofícios n°s 155 e 157 do
Prefeito MunIcipal de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em votação, foram aprovadas os
seguintes Requerimentos: do Ver. João Dib, requerendo realização de Sessão
Solene dedicada a homenagear o ex-Prefeito José Loureiro da Silva, e outra
dedicada a homenagear as Mães no seu dia; dos Vereadores João Motta e Vieira da
Cunha, Moção de Solidariedade ao povo de El Salvador por sua liberdade, por
eleições diretas para a Presidência, livre e democrática, e pela não ingerência
dos EUA nos assuntos internos do país, este, após encaminhamento do Ver. Gert
Schinke; do Ver. José Alvarenga, Moção de Apoio à Greve Geral dos dias 14 e 15
de março do corrente ano; do Ver. Vieira da Cunha, subscrito por mais nove
Vereadores, Moção de Repúdio ao ato de demissão em massa que vem sendo
promovido pela Sra. Líres Marques, Diretora Geral do DEMHAB, em votação
nominal, por 19 Votos SIM, contra 09 Votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES, a requerimento
aprovado do Ver. Artur Zanella, após ter sido encaminhado à votação pelos
Vereadores: Artur Zanella, Vieira da Cunha, Luiz Braz, Clóvis Brum e Flávio
Koutzii, com Declaração de Voto do Ver. José Alvarenga. Na oportunidade, o Sr.
Presidente respondeu a duas Questões de Ordem, do Ver. Dilamar Machado,
referentes ao critérios para pedidos de Sessões Solenes e acerca da
oportunidade para Comunicação de Liderança. EM COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Luiz Braz registrou a presença, em plenário, de mães de alunos, professoras e
diretora da Escola Jerônimo de Albuquerque. Declarou que a referida escola está
desmobilizada, sem condições de receber o alunado, por falta de operosidade das
autoridades competentes. O Ver. Artur Zanella comentou a Declaração de Voto do
Ver. José Alvarenga quando da votação da Moção de Repúdio aos atos da Direção
Geral do DEMHAB. Denunciou não estar o DMAE adicionando flúor na água
distribuída à população, bem como o reajuste das tarifas da água por esse
Departamento declarando, também, haver tomado iniciativa legal tendo em vista o
congelamento ora vigente. O Ver. Dilamar Machado manifestou sua discordância
sobre o reajuste das tarifas pelo DMAE e anunciou medida judicial de seu
Partido contra tal atitude. Abordou, ainda, as concordâncias registradas no DEMHAB.
O Ver. Clóvis Brum, referindo-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Luiz Braz
sobre o estado do prédio da Escola Jerônimo de Albuquerque, informou solicitará
providências no sentido de sanar esse problema. Referiu-se às demissões
ocorridas no DEMHAB e comentou notícia veiculada na imprensa sobre prisão de
sindicalista, no Estado de São Paulo, cotejando tais situações com o discurso
do Partido dos Trabalhadores. O Ver. Adroaldo Correa, referindo-se aos
reajustes das tarifas de água pelo DMAE, prestou esclarecimentos sobre os
critérios de fixação das mesmas. Contraditou, referindo-se às demissões pelo
DEMHAB, o pronunciamento de hoje do Ver. Dilamar Machado. E o Ver. Wilson
Santos reportando-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Clóvis Brum, contraditou-se,
quanto à utilização da Polícia Militar como órgão de repressão. Nada mais
havendo a tratar, o Sr. Presidente, avisando sobre a realização de homenagem,
amanhã, às quatorze horas, ao Dia Internacional da Mulher, convocou os Srs.
Vereadores para a Sessão Ordinária naquela data e levantou os trabalhos às
quinze horas e cinqüenta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro
Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2°
Secretário que proceda à chamada nominal para verificação de
"quorum".
O SR. 2° SECRETÁRIO: (Procede à verificação
de "quorum".) Há 26 Srs. Vereadores presentes, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Requerimentos. Sobre a
mesa, Requerimento de autoria do Ver. João Motta, subscrito também pelo Ver.
Vieira da Cunha, de Moção de Solidariedade ao povo de El Salvador por sua
liberdade, por eleições diretas para a Presidência, livre e democrática e pela
não ingerência dos EUA nos assuntos internos do País. Em votação. Para
encaminhar, com a palavra o Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, colegas
Vereadores, ontem, recebemos na Casa a companheira Mercedes, comandante da FMLN
- Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional, que muito nos honrou com sua
presença, colocando para esta Casa e demais setores da sociedade gaúcha, a
questão crucial que hoje se desencadeia em El Salvador, na conjuntura
centro-americana. Nós estamos apresentando uma moção que pede o adiamento das
eleições presidenciais em El Salvador, porque, como é sabido por toda a
sociedade latino-americana, há, em El Salvador, uma guerra que se estende há
mais de oito anos, na qual estão em jogo, por um lado, os interesses do
imperialismo norte-americano, que ocupa o país com seis bases militares. Ocupa
militarmente o país, assim como ocupa militarmente outros países da região,
como Honduras, Guatemala e Panamá, num total de mais de 20 bases militares na
região, e que se constitui, hoje, a questão central da geopolítica
norte-americana na América Latina. O ponto crucial se localiza, hoje, em El
Salvador. Em resistência a esta ocupação militar, em resistência à exploração
que move as elites salvadorenhas, historicamente, contra o povo salvadorenho, a
FMLN está lutando, há mais de oito anos, para tentar instalar um governo
democrático, popular e propõe sérias transformações sociais na sociedade
salvadorenha.
Nós estamos de pleno acordo com a proposta encaminhada pelos
companheiros da FMLN, que partem num giro internacional de apoio à sua luta,
que se constitui de dois pontos essenciais. Primeiro é o adiamento das eleições
presidenciais que estão marcadas, agora, para o dia 19, sobre as quais não
existe absolutamente nenhuma garantia da lisura do processo. Processo
completamente controlado pelos militares salvadorenhos, com apoio do Exército
norte-americano. O que propõem é o adiamento destas eleições para setembro,
para que haja condições de uma real participação e envolvimento da sociedade e
dos Partidos Salvadorenhos, neste processo, inclusive aqueles apoiados pela
FMLN. Significa, supervisão internacional e também os mecanismos que vão
garantir a lisura do pleito. O segundo ponto é o desmantelamento dos aparatos
repressivos e do Exército Salvadorenho que precisa passar por uma reformulação
para que este processo seja garantido.
Portanto, estes são os dois pontos essenciais da proposta
que foi colocada pelos representantes da FMLN, trazidos a esta Casa, e que de
comum acordo nós estamos encaminhando, com as demais Lideranças desta Casa, uma
Moção de Apoio a estas propostas, e que passam também por solicitar este apoio
também às autoridades brasileiras, à Chancelaria brasileira; ao Ministério das
Relações Exteriores, ao Governo Sarney e demais autoridades envolvidas com esta
questão.
Seria isso o encaminhamento que nós propomos em apoio à
Moção que nós estamos encaminhando. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o
Requerimento ora encaminhado. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos Vereadores Vicente
Dutra, Leão de Medeiros, João Dib, Luiz Machado e Edi Morelli.
Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando a
realização de uma Sessão Solene dedicada a homenagear as Mães, no seu dia. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Ainda, de autoria do mesmo Vereador,
Requerimento solicitando a realização de uma Sessão Solene dedicada a
homenagear o ex-Prefeito José Loureiro da Silva, em razão da passagem dos 25
anos de seu falecimento. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. DILAMAR MACHADO
(Questão de Ordem): Eu
gostaria de ter informações da Mesa sobre o número de Sessões Solenes
permitidas ao longo de cada ano pelo Legislativo e quais os critérios
utilizados na Câmara Municipal de Porto Alegre. Cada Bancada tem o direito a um
determinado número de Sessões Solenes ou não? Porque vejo, hoje, nesta Sessão,
dois pedidos de Sessões Solenes pelo Ver. João Dib. Gostaria de saber qual o
número máximo e o limite durante o ano?
O SR. PRESIDENTE: Depende sempre do
parecer final do Plenário. O Requerimento, encaminhamos para a votação, após
decidido, a Mesa, conforme os dias que dê condições a estas homenagens, nós
deferimos.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à
leitura dos dois Ofícios do Sr. Prefeito Municipal, através dos quais solicita
autorização para afastar-se de Porto Alegre.
O SR. 2° SECRETÁRIO: (Lê.)
"Of. n° 155/GP - Paço do Açorianos,
07 de março de 1989.
Sr. Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência para
solicitar, nos termos do art. 61 da Lei Orgânica Municipal, autorização desse
Egrégio Legislativo para afastar-me do Município, no período de 10 a 13 de
março do corrente ano, a fim de realizar viagem a São Paulo, para tratar de
assuntos partidários, sem ônus para esta Prefeitura.
Aguardando o favorável pronunciamento
dessa Colenda Casa, envio a Vossa Excelência meus respeitosos cumprimentos.
(a) Olívio Dutra, Prefeito."
"Of. n° 157/GP - Paço dos Açorianos, 07 de março de
1989.
Sr. Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência para solicitar, nos termos do
art. 61 da Lei Orgânica, autorização desse Egrégio Legislativo para afastar-me
do Município, no período de 17 a 20 de março do corrente ano, a fim de realizar
viagem a São Paulo, para tratar de assuntos partidários, sem ônus para esta
Prefeitura.
Aguardando favorável pronunciamento dessa Colenda Casa,
envio a Vossa Excelência meus respeitosos cumprimentos.
(a)
Olívio Dutra, Prefeito."
O SR. PRESIDENTE: Comunicamos ao Plenário
que os documentos recém lidos foram encaminhados à Comissão competente.
Retornamos à votação dos Requerimentos.
De autoria do Ver. José Alvarenga, Moção de Apoio à Greve
Geral dos dias 14 e 15 de março do corrente ano. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Vieira da Cunha, e subscrito por mais 09 Vereadores, solicitando Moção de Repúdio ao ato de demissão em massa que vem sendo promovido pela Srª Líres Marques, Diretora Geral do DEMHAB. Em votação. Para encaminhar, com a palavra o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, sobre a Moção creio que nada mais deverá ser dito, pois toda esta
Casa é testemunha, desde o primeiro momento, do repúdio a este tipo de
Administração. E nós não somos, acho que ninguém é, contra o enxugamento da
máquina administrativa, de uma forma ou outra das pessoas que prejudicam a
Administração ou são funcionários fantasmas, mas isso já está sendo mostrado
assim, como um dos grandes feitos da Administração Popular, e tenho
empresários, amigos meus, que dizem que até que um dia o PT está mostrando que
está demitindo. E como expliquei que eram só operários recebendo, no máximo um
salário mínimo, um empresário que já estava embarcando nesta canoa de
moralidade pediu-me então que investigasse exatamente caso a caso, o que eu
pretendo fazer. Mas essa senhora, D. Líres Marques, ela consegue transmitir a
sua insegurança além dos limites da administração municipal. Na famosa carta
que ela encaminhou aos Vereadores, ela assinala, ali, todos os erros ou
pretensos erros do DEMHAB, e diz que há inscrição com cobrança de taxa,
atendimento de casa de emergência individualizada - como se fosse um mal
atender pessoas com casas de emergência individualizadas. É evidente que se a
casa é de emergência, não pode ser uma vila inteira. É para a pessoa que tem a
sua casa incendiada, um despejo, empréstimo de caminhões para mudanças
particulares, isto ocorria, ocorre. Uma pessoa é despejada, a pessoa tem a sua
casa incendiada - mas, é apresentado aqui como um defeito, um mal.
Inadimplência junto à Caixa Econômica Federal, que eu não sei se existe ou não,
a informação que tenho do Governo anterior que havia sido feito uma composição
das dívidas. Diz que o número de funcionários está além da atual necessidade, e
completa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dizendo que o DEMHAB é uma LBA municipal,
e esse caráter deve ser modificado. A Diretora Geral do DEMHAB, nesse parágrafo
que ela junta aqui, na minha concepção, também vai mais além do que os
problemas municipais e ataca a LBA. E eu entrei em contato com a LBA para ver
que tipo de reação eles teriam porque eu acho que, no momento, se apresentaram
uma série de irregularidades, ao menos no entender dela: irregularidades. E
diz, na continuação da frase, que o DEMHAB é uma LBA municipal e este caráter
deve ser modificado. As críticas, indiretamente, também vão para a LBA.
Qual não foi a minha surpresa ao saber que a Drª Líres
Marques também mandou um Ofício para a LBA, pedindo para a LBA parar de mandar
gente para o DEMHAB, que aquilo lá não é casa assistencialista, e pedindo para
a LBA não se meter mais nos assuntos do DEMHAB. E o Diretor da LBA está-se
dirigindo ao Sr. Prefeito Municipal protestando contra esse tipo de
comportamento de uma entidade municipal que está tentando fazer ingerência num
órgão federal. Vejam os Senhores o absurdo da situação. A Dona Líres não
consegue resolver os seus problemas municipais, não consegue manter um
relacionamento com os funcionários, demite funcionários, alguns de forma
irregular, manda carta desaforada a esta Casa e, ainda por cima, diretamente -
e não indiretamente, como aqui está - se dirige a um órgão federal para fazer
críticas à sua atuação.
Então, eu creio que essa Moção de Repúdio não tem nada a ver
com atitudes moralizadoras de um órgão municipal, e sim, com atitudes
absolutamente descabidas de uma Diretora Geral, que não descobriu ainda que o
DEMHAB é um órgão que, historicamente, desde a casa popular, é o mais antigo do
Brasil, é um órgão que teve as maiores posições frente às COOHABs de todo o
Brasil, não é um órgão de esquina. É um órgão que tem que atender não somente
às casas construídas pelo sistema financeiro mas, também, tentar o reerguimento
daquelas populações mais pobres da nossa periferia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Vieira da Cunha, para encaminhar.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, na condição de um dos signatários de repúdio que ora está sendo
encaminhada, e que logo a seguir será votada, ocupo a tribuna para dizer, em
primeiro lugar, que esta Moção de Repúdio se originou exatamente da discussão
dos próprios servidores atingidos por esse ato. Nada mais fizemos, nós, os
Vereadores signatários, que trazer à decisão deste Plenário a vontade dos
servidores atingidos por esse ato discricionário, arbitrário, da Diretoria do
DEMHAB que demitiu, em 1° de março, 164 operários, mas que temos notícias que
as demissões continuam e que deve estar beirando hoje a casa dos 200 operários
demitidos daquela autarquia municipal.
Ocupamos a tribuna, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
senhores servidores do DEMHAB aqui presentes, demitidos, para exigir, como é
responsabilidade nossa, como oposição ao Governo do PT, coerência acima de
tudo, coerência entre os discursos dos palanques, entre as promessas fáceis da
campanha eleitoral e o papel de partido do governo.
Quem não se lembra de uma das maiores discussões
ideológicas, políticas, que houve na Assembléia Nacional Constituinte, quando,
de um lado, estavam os patrões e os empresários e, de outro lado, estavam os
trabalhadores, através do seu Sindicato e os partidos populares deste País,
entre os quais o nosso PDT, e lá na Constituinte, também, o PT. Que discussão
era esta, ideológica, política, que daria um novo caminho um novo rumo, uma
nova perspectiva a vida dos trabalhadores deste País? Era a famosa discussão
sobre a estabilidade no emprego, é a famosa discussão sobre a questão da
demissão injusta e imotivada, assim entendida, aquela em que o patrão despede
usando o seu direito, legal, é verdade, mas arbitrário, de despedir sem motivo
algum.
Pois o que estamos presenciando agora é exatamente isto. São
demissões em massa, sem motivo, porque está aí, e assegura um dos demitidos:
"Não apoiamos fantasmas”. Ninguém apóia fantasmas, nem a nossa
Administração, nenhum Vereador e nenhum servidor, demitido ou não do DEMHAB,
pode pensar em apoiar servidor fantasma. Mas nós sabemos que esses servidores
não são fantasmas, eles trabalhavam pelo Município, trabalhavam pelo DEMHAB e
não tiveram consideração nenhuma, sequer de receber aviso prévio, mas uma
simples comunicação de dispensa e de rescisão de contrato. É essa coerência que
nós cobramos de cada um dos Vereadores da Frente Popular, ou então mais uma vez
eles terão o discurso no palanque e terão uma ação diferente no governo. Ou será
que não são mais favoráveis à estabilidade no emprego? Ou será que não se
posicionam mais contra a demissão sem justa causa e a demissão arbitrária?
Porque, não poderíamos levantar a nossa voz da tribuna, se as demissões
tivessem sido precedidas de uma sindicância, de um Inquérito Administrativo e
tivesse sido comprovado, sim, que cada um dos demitidos são servidores
fantasmas. Mas não é essa, repito, a realidade, o que se faz no DEMHAB foi uma
demissão em massa, encobrindo propósitos para nós muito claros, de perseguição
política. E essa é a grande verdade!
Deve assumir o Governo da Frente Popular essa realidade:
demitiu, e se é verdade que era para enxugar a máquina, por que não
reaproveitar esses servidores em outros pontos da Administração Municipal, que
o próprio Prefeito Olívio Dutra reconhece que estão necessitando de operários,
como a SMAM, DMLU e outras Secretarias? Por que a demissão pura e simples,
arbitrária e imotivada? Porque a nós do PDT não restam mais dúvidas, a
justificativa e os propósitos, e é preciso que os senhores que aqui estão,
atingidos por esse ato, saibam que é um ato de perseguição política, pura e
simples. Sou grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, para
encaminhar pelo PTB, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, senhores funcionários do DEMHAB. Logo que tomamos conhecimento de
que o Líder do PDT estava elaborando uma Moção de Repúdio ao ato da Diretora do
DEMHAB, Líres Marques, demitindo vários funcionários daquela entidade, nós
dissemos para um dos Vereadores do PT, Ver. Adroaldo Corrêa, que nós não íamos
assinar aquela Moção, porque éramos favoráveis ao enxugamento da máquina que
naquele instante parecia que estava acontecendo. Logo depois, com o desenrolar
dos acontecimentos, nós resolvemos, Ver. Vieira da Cunha, assinar a Moção de
Repúdio às demissões que aconteceram no DEMHAB, não por causa das demissões em
si, mas sim por causa do estilo das demissões, das perseguições que encerrou
uma delas, com a falta de conseqüência que essas demissões encerraram. Por isso
procuramos, hoje, o Ver. Vieira da Cunha e resolvamos também, como Líder da
Bancada do PTB nesta Casa, assinarmos esta Moção de Repúdio, porque somos
contrários a esta ato inconseqüente, a esta espécie de vingança política que a
atual Diretora do DEMHAB empreende naquele Departamento.
Parece, Ver. Vieira da Cunha, que as coisas vão mais além.
Parece que a Diretora a esta altura quer é paralisar completamente com o DEMHAB
e por uma razão simples: a Srª Líres Marques, juntamente com outras lideranças
do PT lideraram por muito tempo as invasões em apartamentos construídos pelo
próprio DEMHAB e pela COHAB. Como é que esta senhora, agora, dirigindo o
DEMHAB, vai construir alguma casa ou apartamento e vai assegurar para as
pessoas que comprarem esses imóveis que elas realmente serão as proprietárias
das obras que estivessem sendo construídas. É por isso que se faz necessário,
neste instante, esta atitude da Diretora do DEMHAB: despedir, demitir. Ela diz,
atualmente, que não precisa funcionar com 800 funcionários, que ela pode tocar
o DEMHAB com 500 funcionários. Eu acho que ela pode tocar o DEMHAB com um só,
porque ela não pretende fazer nada. Ela pretende imobilizar, ela pretende
tornar o DEMHAB, um órgão inútil dentro deste Município. E, por este motivo,
ela não precisa de funcionários, porque com todos os problemas sociais que nós
temos na área da habitação, alguém enviar uma carta como aquela que nós
recebemos aqui nesta Casa, dizendo que não aceitava solicitações nem formais,
nem informais de Vereadores, muito embora esta carta tenha merecido uma
resposta à altura por parte das Lideranças do PT, aqui nesta Casa, e do próprio
Prefeito Olívio Dutra, mas, mesmo com a resposta à altura do Prefeito desta
Cidade, da Liderança do PT aqui nesta Casa, não apaga, de forma alguma, a
intenção da Srª Líres Marques de querer paralisar o DEMHAB. Ela não quer que o
DEMHAB continue construindo, ela não quer que o DEMHAB continue tentando
resolver problemas, porque a única coisa que ela soube fazer até hoje foi criar
problemas. Ela nunca soube resolver problemas. Então, para criar problemas não
precisa de funcionários. Para criar problemas ela pode diminuir esta estrutura
do DEMHAB para 500 funcionários e, quem sabe, mais tarde, para 300, porque ela
não quer construir. Ela não tem planos de construir, ela não tem planos de
fazer, não tem planos de realizar, porque não vai ter moral suficiente para
garantir imóveis construídos pelo DEMHAB para futuros proprietários que, por
acaso, se habilitem a conseguir um imóvel por aquele Departamento.
Infelizmente, esta é a verdade que pode ser comprovada. Infelizmente, esta é a
verdade que está aí para todos nós.
E é por isso que nós, do PTB, muito embora tivéssemos
afirmado, a uma altura dos acontecimentos, ao Ver. Adroaldo Corrêa, do PT, que
não assinaríamos a Moção de Repúdio, porque estávamos conscientes de que havia
necessidade de um enxugamento da máquina, voltamos atrás na nossa decisão, pelo
modo com que a Diretora do DEMAHB agiu, de maneira bastante inconseqüente.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum, pelo PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, evidentemente, que quando há aqueles comentários pela imprensa que
os políticos perdem credibilidade, temos que assumir a responsabilidade, para
fornecer elementos e alimentar esses noticiários. A situação hoje da
Administração do PT é uma situação constrangedora, porque o PT, durante a
campanha eleitoral, não tratou com responsabilidade, não tratou com seriedade
as suas teses nem a sua campanha, no que se refere ao transporte coletivo e ao
próprio pessoal. Ninguém mais do que o PT usou o funcionalismo público
Municipal! Ninguém mais do que o PT usou os funcionários na sua campanha
eleitoral. Eu nunca ouvi do Prefeito e dos candidatos do PT que seria
interessante discutir o excesso de funcionários, de que, se o PT ganhasse,
haveria a dispensa de muitos funcionários para enxugar a máquina, de que se o
PT ganhasse, por exemplo, esse superpovoamento de funcionários do DEMHAB seria
demitido, nunca se ouviu isso aí. Ouvia-se, quando se demitia um funcionário.
Um! Um! E essas galerias lotadas, o Sindicato, a Associação dos Funcionários
Municipais, que tinha a sua frente um ex-candidato do PT a Vereador, e o atual
Sindicato , que tem, hoje, a sua frente uma senhora militante do PT, sempre
estavam aqui, na defesa dos seus associados e dos seus companheiros de
funcionalismo público. Negar que alguém do Sindicato não esteja aqui, não se
pode negar, deve ter alguém do Sindicato. Mas, rigorosamente, a palavra oficial
do Sindicato, eu não ouvi! Não ouvi a palavra oficial do Sindicato protestando
contra a demissão em massa de companheiros seus, dos funcionários. Esses mesmos
companheiros, que acompanharam a Associação, que acompanharam o Sindicato, nas
passeatas, nas greves e nas caminhadas.
Nada melhor do que um dia depois do outro, para justificar
que as coisas, a cada dia que passa, colocam o palanque do Olívio a quilômetros
de distância do Palácio do Prefeito Olívio Dutra. Estão eqüidistantes como
daqui à China. A campanha, o discurso, a pregação dos candidatos do PT ficaram
esquecidos, tal é a distância da realidade com que o Partido dos Trabalhadores
dirige a Prefeitura de Porto Alegre. Demite-se em massa funcionários modestos -
assim, sumariamente, para enxugar a máquina administrativa. Esta é a melhor
solução? Não creio que seja a melhor solução. Não acredito! Quantos movimentos
o PT encabeçou! Quantos movimentos o Partido dos Trabalhadores esteve ao lado
para evitar demissões em massa! O Meridional, por acaso? Eu citaria dez
movimentos. Na Prefeitura de Porto Alegre bastava que se demitisse um varredor.
E a Associação dos Funcionários e o PT estavam todos vigilantes. Como eu sei, e
tenho certeza, que na hora do colhimento dos votos é bem provável que a Bancada
do PDT vote favorável a esta Moção, a Bancada do PT, porque a Bancada do PT
sempre esteve ao lado dos trabalhadores. A Bancada do PT sempre esteve ao lado
dos trabalhadores, não vai ser agora que estão colocando, sumariamente,
modestos funcionários da Prefeitura no olho da rua, que a Bancada do PT vai
cruzar os braços.
Eu confio e aposto que a Bancada do PT vota favorável à
proposta apresentada de repúdio a esta ação administrativa. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, senhores funcionários que vêm exercer, nesta Casa, o legítimo
direito de lutar e pressionar pelo que lhe parece justo. A Bancada do PT vai
fazer, pelos trabalhadores, aquilo que ela acha – o que o entendimento de nove
anos lhe deu – de como deve ser a política para que nós – nós eu quero dizer o
Partido dos Trabalhadores e a Frente Popular – continuemos crescendo na
confiança e no coração das pessoas. Nós temos uma novidade, e é certo que
assumir a responsabilidade de administrar uma cidade coloca novos desafios e a
busca de respostas que nós não estávamos ainda acostumados a enfrentar. E é
muito preciso o centro destes desafios: corresponder às expectativas de mudança
suscitadas em nossa campanha e em nossa história, que nos deram a vitória, e,
ao mesmo tempo, chegando lá – e aí eu me oponho à lógica do desenvolvimento do
raciocínio do Ver. Clóvis Brum – há aspectos concretos, que só chegando lá, no
aparelho de administração desta Cidade, a gente consegue entender em sua
profundidade e em todas as suas conseqüências. Não foi bandeira nossa – e não
tinha por que ser – a dispensa de um número importante de funcionários. E dois
meses depois, é em cima do exame concreto da situação de cada Secretaria ou
Departamento, que nós fizemos diagnósticos – e espero que corretos – e
começamos a tomar decisões. Antes, talvez porque era um número mais reduzido e
talvez porque era uma situação mais indefensável, especialmente para a Bancada
do PDT, foram dispensados de quinze a dezoito funcionários da Epatur, que nunca
haviam trabalhado ou aparecido lá e que eram, evidentemente, claramente e configuradamente,
cabos eleitorais.
A nossa avaliação, no caso do DEMHAB, é de outro caráter.
Existem sim alguns fantasmas - alguns. Existem, sim, funcionários que se
dedicaram fundamentalmente ao trabalho político, mas não é o caso da maioria. A
decisão lá, isso foi dito pela Secretária, isso foi retomado por nós na
tribuna, é uma decisão certamente dolorosa para estes trabalhadores, mas ela
obedece uma lógica: mesmo que eles não possam partilhar não é a lógica que
interpretaram e parece estarem convencidos alguns dos colegas Vereadores que me
antecederam nesta tribuna. Não se trata de problema político, não se trata de
vingança política. Trata-se de uma coisa muito mais simples que determinados
partidos, creio, que não estão acostumados a fazer, que é se atreverem, frente
a uma realidade determinada, analisá-la e redefinir um projeto. Sabem
perfeitamente que é o contrário do que diz o Ver. Luiz Braz, que não é para
paralisar.
A nossa opinião – e eu já disse isso aqui – é que o DEMHAB
pode funcionar perfeitamente com 500 funcionários. A nossa divergência, a
autocrítica que fizemos aqui é de outra índole, eu disse que a Administração
pensa assim, o Partido dos Trabalhadores pensa assim, que a função do DEMHAB é
construir casas, a função do DEMHAB não é prestar pequenos favores, esta é a
concepção da Administração, e ela se mantém. É em função dela que há uma
concepção de enxugamento desta estrutura. Não é uma concepção de enxugamento de
todas estruturas da Prefeitura.
O que nós reconhecemos é mesmo polêmico dentro da nossa
Bancada e dentro do nosso Partido, através mesmo, inclusive, da sadia e
necessária pressão que o próprio Sindicato vem exercendo junto a nós. Muitos de
nós, seus companheiros. Há duas divergências, uma delas é que se considera, por
parte do Sindicato, de que não houve a suficiente discussão preliminar sobre os
nomes. Isto foi reconhecido pela Administração e a formação de uma Comissão, na
qual entra a Secretaria da Administração, o DEMHAB e o próprio Sindicato,
mostrando que a própria Moção é uma questão discutível. Se os senhores acham
que devem votá-la, votem, mas nós afirmamos, aqui, antes, e mantemos este
compromisso de que todos aqueles casos que nós entendemos que há uma injustiça
configurada poderão ser rediscutidos.
Esta é a nossa posição e tenho a obrigação de dizer que o
nosso companheiro, Ver. José Alvarenga, se absterá na votação porque ele
entende que alguns aspectos do encaminhamento, feitos pela Prefeitura e pelo
DEMHAB são incorretos e por isso vai se abster até futura discussão no seio do
Partido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr.
Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, eu
requeiro votação nominal para o Requerimento de Moção de Repúdio ora
encaminhado.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o
Requerimento formulado pelo Ver. Artur Zanella. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento de Moção de Repúdio.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos
Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e
colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 19 Srs. Vereadores votaram
SIM, 09 Srs. Vereadores votaram NÃO e 02 Srs. Vereadores optaram
pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento de
autoria do Ver. Vieira da Cunha.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Votaram NÃO os Vereadores Décio Schauren, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. ABSTIVERAM-SE os Vereadores João Dib e José Alvarenga.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr.
Secretário que proceda à leitura da Declaração Voto do Ver. José Alvarenga ao
Requerimento de Moção de Repúdio ora aprovado.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declaração de Voto
Quero declarar aqui meu total apoio à Moção apresentada pelo
SIMPA e minha mais completa solidariedade com a luta dos trabalhadores
municipários contra as demissões no DEMHAB que pede a suspensão imediata das
demissões.
Defendi e defendo que o meu Partido e sua respectiva Bancada
se posicione favoravelmente a ela. A Bancada do meu Partido, entretanto, optou
por uma posição provisória contrária a esta Moção.
Por isto declaro que me abstenho desta votação, não
desrespeitando a deliberação, no meu modo de ver equivocada, da Bancada do PT.
O método como foram feitas as demissões e também seu
conteúdo ferem profundamente o programa do Partido dos Trabalhadores.
Eu estou fazendo um recurso ao meu Partido, que se reúne na
quinta-feira, no sentido de reverter a posição da Bancada, e também da Diretora
do DEMHAB, Srª Líres Marques.
Alerto, no entanto, os trabalhadores para que vários
partidos que agora vem se arvorar em defensores do funcionalismo, fazem-no por
pura demagogia. O PMDB e o PFL são os mesmos que votaram no Congresso Nacional
a favor do Plano Verão, e apóiam a demissão de 90.000 funcionários federais. O
PDT, que agora assume a ‘defesa’ dos municipários é o mesmo que na Prefeitura
arrochou violentamente o salário do funcionalismo.
Ao mesmo tempo que deixo clara minha posição, conclamo aos
funcionários públicos municipais que, como trabalhadores, venham dar a batalha
junto comigo no Partido dos Trabalhadores.
Sala das Sessões, 07 de março de 1989.
(a) Ver. José
Alvarenga”
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Liderança com o Ver.
Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós estamos recebendo, hoje aqui, a visita da Diretora, das
professoras e das mães de alunos da Escola Jerônimo de Albuquerque, do
Partenon. E elas estão aqui quando, na verdade, deveriam estar, neste instante,
ministrando aula para os seus 700 alunos. E por que não estão? Por que as
atividades lá estão paralisadas? Simplesmente, porque os pavilhões daquela
Escola estão apodrecidos! Simplesmente, porque, se aquelas crianças assistirem
às aulas
naquela Escola, correrão perigo de vida! Então, a Diretora, as professoras, as
mães dos alunos resolveram paralisar as suas atividades. No ano passado, muito
sabiamente, o Prefeito Collares resolveu paralisar por completo as atividades,
lá na Escola Jerônimo de Albuquerque, fazendo com que aquele prédio não pudesse
mais receber alunos, professores, nenhuma atividade para o ensino dessas 700
crianças. O Governo do Estado, na pessoa do Sr. Pedro Simon, mandou desmanchar
dois pavilhões que lá estavam e prometeu reconstruí-los, o mais urgentemente
possível, a fim de que as aulas pudessem ser restabelecidas. Infelizmente, logo
depois que o Prefeito Collares suspendeu a medida que havia tomado com relação
à Escola Jerônimo de Albuquerque, o Governo Estadual não fez absolutamente
nada. E lá está a Escola sem os dois pavilhões, e o que resta desta escola é o
material apodrecido. As mães, as professoras, a Diretora, se dirigiram lá para
a Escola Jerônimo de Albuquerque e de lá foram para a SEC. E lá, na SEC, de um
funcionário, elas receberam a seguinte novidade: aquele funcionário conhecia
muito bem as dependências da Escola Jerônimo de Albuquerque e que elas poderiam,
que as crianças poderiam, normalmente, ter aula ali.
Mas é claro que os filhos dos funcionários da SEC devem
estar matriculados em outras escolas bem diferentes desta que ali está. Os
filhos do Secretário devem estar em escolas bem diferentes da Jerônimo de
Albuquerque.
O que pedimos, Ver. Flávio Koutzii a V.Exª, que já teve este
assunto encaminhado por nós, que já tem o pedido para encaminhar ao Prefeito
Olívio Dutra, é que ele possa reeditar a atitude tomada, no ano passado, pelo
então Prefeito Alceu Collares, e possa fazer com que dentro de mais dez dias,
as crianças, as professoras não sejam obrigadas a voltar para aquela escola e
ter as suas vidas correndo perigo. Pois, com 28 dias, de acordo com a
informação que tenho, elas serão obrigadas a voltar para a sala de aula e dar
aula. E nós estamos receosos que esta atitude da Diretora, das professoras, dos
alunos possa ocasionar um mal irreparável. E para que isto não aconteça, Ver.
Clóvis Brum, solicitamos a V.Exª, que também é Vereador da área do Partenon,
que solicite ao Secretário de Educação e Cultura, Ruy Carlos Ostermann, que ele
tome uma atitude, o mais rápido possível. A atitude prometida até agora foi de
reconstrução de uma sala de aula e um conjunto de banheiro, mas, na mesma área
alagadiça onde estão construídos os atuais pavilhões da Jerônimo de
Albuquerque. É assim que anda a educação, aqui no Estado do Rio Grande do Sul,
é assim que a SEC trata as escolas do Rio Grande do Sul.
Pedimos que o Líder do PT e o Líder do PMDB, aqui nesta Casa,
entrem nesta batalha, nesta luta, a fim de que aquelas crianças, aquelas
professoras que querem dar aulas, possam voltar a ter uma atividade normal. Que
aquelas crianças não sejam diferentes de todas as outras crianças desta Cidade,
só pelo simples fato delas morarem no Campo da Tuca, e as professoras, valentes
professoras não aceitem dar aulas numa escola que está caindo aos pedaços. Sou
grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Artur Zanella, pelo PFL, cinco minutos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu vou tratar do assunto do DMAE, mas antes eu gostaria que as
pessoas que estão nos escutando aqui vejam como é o discurso do PT. O Ver.
Alvarenga, que estava apoiando os funcionários, foi autor até de uma minuta de
Moção de Repúdio, aqui, na hora se abstém, e diz que o PFL foi a favor do Plano
Verão e da demissão de 90 mil funcionários, ou coisa que valha.
Eu quero lembrar aos funcionários, que quando o Prefeito
Alceu Collares não deu anistia aos funcionários que entraram na greve no ano
passado, por um acordo desta Casa e uma Emenda do Ver. Raul Casa, Líder do PFL,
foi dada a anistia aos funcionários. O Sr. Prefeito vetou a Lei. E esta Casa,
apesar do PFL ter somente cinco Vereadores, o PDS daquele momento com três, por
sua maioria esmagadora, inclusive com a Bancada do PDT, derrubou esse Veto, o
Sr. Prefeito não assinou e o Presidente, que era do PDT - lembra o Ver. Dilamar
Machado –, assinou. O PFL gaúcho em termos de Governo Federal, Sr. Carlos
Chiarelli, além de não ter sido favorável ao Plano Verão, foi o relator da
Comissão contra a corrupção que pediu o impeachment do Presidente.
Então, temos coerência para dizer e fazer o que fizemos aqui. Agora, com
discurso no ano passado – o Ver. Clóvis Brum deve se lembrar – dos apelos à
greve que aqui se fazia, vejo o Sr. Tarso Genro dizer que greve é com o
Sindicato, que a Prefeitura não entra nessa e que depois vai ver se vai abonar
o ponto dos trabalhadores. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma única
coisa o PT não enganou, porque antes da campanha ele não disse que iam tentar
de todas as maneiras arrancar dinheiro da população, e o IPTU já foi o primeiro
exemplo. Esta Casa votou doze prestações e está sendo cobrado oito do Predial,
quatro do territorial e quatro do ISSQN. Por isso, entrei na Justiça. Hoje,
dentro do Plano Verão, o DMAE está aumentando sua tarifa e vou entrar também na
Justiça.
Vou tentar, se a Comissão de Saúde desta Casa, que é
comandada pelo PT, não entrar, quem vai entrar sou eu, porque o DMAE não está
colocando flúor na água, o que é uma lei federal. E as senhoras e senhores que
tomam água, que pensam que suas crianças estão protegidas de doenças, por
intermédios do flúor, hoje, o Sr. Diretor Geral do DMAE informou que não está
colocando, porque o Estado não está dando o flúor há mais de ano, o Estado não
transfere mais. A incompetência é tanta, senhores, que, finalmente, eu vou
apoiar o Sr. Antenor Ferrari, Secretário da Saúde do Estado, que quando assumiu
a Secretaria, disse que não ia mais transferir flúor. E hoje está sendo
cometido um crime contra a população, porque, se não saísse aquela malfadada
entrevista, hoje de manhã nos jornais, ninguém saberia que a Prefeitura de
Porto Alegre está transgredindo uma lei federal, não está adicionando flúor na
água. E como o Presidente da Comissão de Saúde da Casa está aqui ouvindo, eu
gostaria de saber qual é a providência que esta Casa vai tomar. A minha posição
eu sei, quanto à tarifa eu vou entrar na Justiça.
(Aparte inaudível.)
Ver. Lauro Hagemann, não foi julgado, porque a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, na sua incompetência abismal, perdeu o prazo para
fazer a defesa. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Dilamar Machado, em tempo de Liderança.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, antes de me reportar ao problema do DEMHAB, eu gostaria de dizer,
em nome da Bancada do PDT, que, efetivamente, a nossa Bancada discorda do
aumento publicado hoje em relação à tarifa de água, e também estuda medias que
só a Justiça, a estas alturas, pode adotar para evitar que a Prefeitura de
Porto Alegre desobedeça às normas gerais do congelamento.
Pois o que o PT não entendeu ainda, meu nobre Ver. Flávio
Koutzii, é o relacionamento que sempre existiu entre o Departamento Municipal
de Habitação e este anel periférico doloroso que se chama conjunto das Vilas
populares.
Eu vejo aqui, nas nossas galerias, Lideranças das mais
respeitáveis das vilas populares de Porto Alegre. Eu acredito que a Drª Líres
Marques não saiba onde fica a Vila do Estaleiro, onde o companheiro João Dias é
o Líder, e o que significa o trabalho do Presidente de uma associação de vilas
populares, o que vale um homem e uma mulher, líder de uma vila, para a própria
Administração do Município, o que trabalha um vileiro diuturnamente para manter
a ordem, para manter a organização, para dar assistência. É verdade, há
milhares de famílias extremamente pobres e desassistidas nas vilas populares.
Vejo aqui a companheira Letícia, líder inconteste, uma pessoa maravilhosa, um
ser humano dotado das melhores qualidades pessoais, uma mulher que tem criança
pequena, que tem marido, que tem casa e que, diuturnamente, está organizando o
chamado Setor D, ou Setor da Paineira, da Vila Maria da Conceição; vejo aqui o
companheiro Neri, da Vila Brasília; vejo aqui o companheiro Farofa, o
companheiro Carlinhos, da Vila Cruzeiro do Sul; meus amigos da Vila Tronco; a
Ana, da Lomba da Tamanca; o companheiro Jorge, da Vila Monte Cristo; a companheira
Jane, da Vila São Vicente Mártir.
Efetivamente, Ver. Flávio Koutzii, houve demissão meramente
política. E eu vou dizer a V.Exª que a demissão é política, porque as pessoas
que foram por mim nomeadas para nos ajudar a construir um mundo melhor, uma
vida melhor para as vilas populares, não foram demitidas por acaso, foram
demitidas em série, Vereador. Se V.Exª tiver tempo, no fim de semana, para
examinar – e eu lhe passo a nominata dos 164 demitidos pelo DEMHAB – verá que a
demissão é em série. Matrícula do funcionário demitido: 40.101. Matrícula de um
outro mais adiante, porque é por ordem alfabética: 40.102. Mais adiante tem
outro: 40.103. Foi por série. E eu vou dizer algo que me parece extremamente
grave nesta Casa, para provar a V.Exª e à Câmara Municipal que as demissões
foram políticas: alguns companheiros nomeados na Administração do PDT não foram
demitidos. Exatamente iguais a estes homens e mulheres que hoje estão aqui,
muitos com extrema necessidade de sobrevivência em casa. E isto, por uma razão
muito simples e muito singela, mas muito perigosa: assinaram ficha no Partido
dos Trabalhadores. Assinaram ficha no PT. E eu vou dar o nome destas pessoas.
Eu vou trazer para V.Exª o nome dos servidores do DEMHAB que foram chamados no
Gabinete da Direção Geral, e que não foram demitidos, porque assinaram ficha no
PT. E mais: vou trazer o nome de funcionários e funcionárias que foram
demitidos, porque não quiseram assinar ficha no PT. Isto é uma indignidade
política! Não se trata assim a classe pobre, a classe trabalhadora, a classe
operária, a classe mais sofrida e mais miserável da nossa sociedade. Durante um
ano e meio, eu dirigi aquele Departamento. Enfrentei duas greves, Srs.
Vereadores do PT, duas greves ferrenhas, defendidas pelo Sr. Chumbinho e,
portanto, os outros companheiros do Partido de V.Exªs vinham para
dentro do meu Departamento para fazer piquetes e para impedir o trabalho. Não
lembro, e desafio que me provem o contrário, de ter demitido uma pessoa sequer,
inclusive operários flagrantemente ligados ao Partido dos Trabalhadores que
continuaram trabalhando no DEMHAB, tendo o nosso apoio, até por uma razão,
porque eram operários.
Agora, pergunto aos Vereadores do PT, nesta Casa, ao mesmo
tempo em que se alega o enxugamento da máquina administrativa para salvar o
DEMHAB, eu quero alertar a V.Exªs que não é do dinheiro arrecadado
pelo Departamento que se pagam os operários. Os recursos da folha de pagamento
do DEMHAB saem do caixa geral da Prefeitura, da Administração Direta. Não é com
isto que se vai salvar o DEMHAB. O DEMHAB não estava inadimplente com a Caixa
Econômica Federal quando findou o Governo Alceu Collares. Apenas a prestação de
dezembro não havia sido paga. A Dona Líres não pagou dezembro, não pagou
janeiro, fevereiro. Ficou inadimplente. São três meses. Inadimplência com a
Caixa Econômica Federal significa o seguinte: a única obra habitacional
realizada em Porto Alegre, no momento, se chama Conjunto Residencial Guapuruvu,
por mim promovido. Dinheiro conseguido por mim, junto à Caixa Econômica
Federal, concorrência pública feita no DEMHAB, obra iniciada, terreno invadido
pelo PT, desinvadido mais de uma vez por mim. E está quase pronto. Agora
paralisada a obra, porque há uma inadimplência com a Caixa Econômica Federal. É
a única obra de moradia popular que se fazia em Porto Alegre no projeto Mutirão
Habitacional da SEAC, paralisada pela Diretora, porque ela, do alto da sua
sabedoria, da sua grande visão socialista do problema habitacional, entende que
a Chácara da Fumaça, que a Vila dos Flagelados da Restinga, o maior foco de
miséria que havia na Restinga, e que hoje tem 320 casas de madeira - é verdade,
humildes mas com água e luz, de propriedade dos seus moradores -, aquilo lá é a
institucionalização da favela, na cabeça dela!
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que esta Casa agiu
muito bem ao aprovar esta Moção. Lamento a posição da Bancada dos
Trabalhadores, entendo o seu constrangimento. Não aceito a colocação feita pelo
Ver. Alvarenga de que o ato do PDT, hoje, é demagogia. Tanto, Vereador, que o
seu Prefeito companheiro Olívio Dutra tem dito que o Collares deixou tão bem
aquinhoados os servidores do Município que ele não vai ter como pagar. Eu quero
ver o próximo aumento dos servidores municipais.
Eu vou encaminhar a V.Exª, Sr. Presidente, a Moção minutada
pelo Ver. Alvarenga, por mim assinada e por vários Vereadores desta Casa e que,
infelizmente, não foi encaminhada junto com a outra Moção, mas eu quero que
seja encaminhada, pelo menos para os Anais da Casa, em que eu reconheço que o
Sindicato dos Municipários apóia a posição dos demitidos. E deixo o pedido ao
Prefeito e à Bancada do PT. Readmitam os demitidos, suspendam o aviso-prévio e
depois vamos discutir. Sou grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB,
Ver. Clóvis Brum. V. Exª tem cinco minutos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero inicialmente agradecer, como Líder do PMDB, a crítica
construtiva, muito importante, mais do que a crítica, o trabalho e a preocupação
do nobre Ver. Luiz Braz, que traz a esta Casa a situação da Escola Jerônimo de
Albuquerque, na Rua Juarez Távora, no Bairro João Pessoa.
Quero dizer ao Ver. Luiz Braz que, efetivamente, não só ao
Ver. Luiz Braz, mas à própria Direção da escola e demais professores, que ainda
na tarde de hoje devo contatar com a Secretaria de Educação e, talvez, com o
Secretário Ostermann e o Secretário de Obras para verificar qual a solução que
tem a Secretaria de Educação e a Secretaria de Obras para esta escola. Devo dar
um retorno de informação a V.Exª, Ver. Luiz Braz, no máximo, amanhã, para que
V.Exª possa continuar tratando deste assunto, que é muito preocupante para
todos nós, indistintamente da posição política que tenhamos. Pode ter certeza,
V.Exª, que ainda esta tarde vou contatar com o Sr. Secretário de Educação e com
o Secretário de Obras para com eles tratarmos deste problema da Escola Jerônimo
de Albuquerque.
Acho que as coisas começam a ter o seu curso normal. Vejo as
paredes vazias. Como tinham cartazes no ano passado nestas paredes: “Viva o
Funcionário”, “Abaixo as punições aos Funcionários”. O Prefeito Collares puniu
os funcionários com suspensão, mas, se não me falha a memória, por iniciativa
de autoria do nobre Ver. Raul Casa, se revogaram aquelas punições. Mas estava
aí o PT, todo em forma, toda a militância do Partido dos Trabalhadores que dava
gosto, coisa linda, Ver. Flávio Koutzii, era ver o PT no ano passado. Imagine,
Vereador, que força, que trabalho, Ver. Adroaldo Corrêa; aliás, Ver. Back conhece,
ele sempre estava aí. E, agora, a gente é pego de surpresa, com esta mudança
tão brusca de comportamento, é funcionário na rua, sem direito a nada. Eu até
vou rasgar um papel que eu tenho no bolso, porque eu não tenho uma informação
mais precisa disso aqui: “PT encarcera líder sindical”, como não tenho o
veículo que divulgou a prisão de líder sindical pela Prefeita de São Paulo,
pela Líder do PT de São Paulo, eu não acredito, isto é mentira do jornal, não
pode ser verdade. O PT prendendo? Eu até admito que o PT aprendeu a usar os
brigadianos aqui no Rio Grande, de uma hora para outra, mas nunca vi alguém
usar a Brigada Militar com tanta precisão, com tanta rapidez, como o PT está
usando ultimamente. Agora, prender líder Sindical! Eu espero que o Líder do PT,
que irá falar dentro de alguns instantes, desminta essa informação; não pode
ser verdade. Não posso crer, é demais! Aí o coração da gente, que já não
funciona bem, começa a bater de maneira mais diferente: se prende líder
sindical; se coloca na rua uma gama de trabalhadores sem direito a nada; se
está mal, recorre à Justiça; e se amordaça a entidade de classe dos
trabalhadores da Prefeitura.
Quando foi para o sindicato se organizar, usaram todos os
trabalhadores da Prefeitura, todos. E agora onde está o Sindicato? Onde está a
Associação? Bem, a Associação deixou de existir, me parece, em função do
Sindicato. Mas, Sr. Presidente, Ver. Lauro Hagemann, vejo o semblante de V.Exª
cheio de preocupações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT.
V.Exª tem cinco minutos, sem apartes.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores funcionários e demais presentes à Casa. Em primeiro lugar,
para referir que o Decreto de 1988, assinado pelo Prefeito de então, Dr. Alceu
Collares, diz que o índice de reajuste da tarifa de água no Município se dará
pelo IPC e que o último reajuste havia sido em dezembro. E que o Decreto do
aumento de 56% estava pronto e definido para entrar em vigor em 1º de
fevereiro, e só não o foi em função do Pacote de Verão. Em segundo lugar, de
que o IPC variou 1.000% e a tarifa 940%, com este reajuste. Em terceiro lugar,
que a autonomia municipal defendida por todos nesta Casa, que somos
municipalistas e já o dissemos, permite que os tratos dados aos negócios do
Município sejam decididos pelo Prefeito em harmonia com a Câmara Municipal. É
direito da Prefeitura e dever deixar o serviço em bom estado de funcionamento,
atender às necessidades e ampliar o atendimento de necessidades de água da
população, por todos clamado aqui nesta Casa e nas ruas desta Cidade.
Um segundo assunto, que nos move e nos traz a esta tribuna
no espaço da Liderança, é para enfatizar que o Partido dos Trabalhadores, sim,
defende e luta e trabalha nesta Casa, no movimento sindical, no movimento
comunitário, pela autonomia e independência de organização dos trabalhadores.
Já dissemos isso ao conjunto dos trabalhadores do DEMHAB na situação de
demissão que lhes foi imposta, em reunião com a Bancada. Nós queremos e atenderemos
a representação que for escolhida pelos trabalhadores, porque há uma definição
necessária de interlocutor. Quem é a direção política dos trabalhadores neste
momento? O seu Sindicato, a sua Associação, a comissão de desempregados...?
Quem os representa? Porque o canal da negociação está assegurado, para que
todas as questões sejam colocadas por aqueles que são legítimos representantes
da organização autônoma e independente dos trabalhadores. Foi aqui desfiado, no
espaço de Liderança do PDT, pelo Ver. Dilamar Machado, um conjunto de nomes de
organizadores comunitários de associações de vilas de vários bairros desta
Cidade. Assalariados pela Prefeitura? Funcionário da Prefeitura em tempo e
horário de trabalho específico, organizando, autônoma e independentemente, as
suas comunidades, para atrelá-las à Prefeitura, para estar à porta desta
Câmara, evidentemente em horário de trabalho de bairro, ou em trabalho de vila,
fazendo o aporte suficiente de pressão política para votar Projeto de Prefeito?
É essa a função de um líder comunitário que representa, autônoma e
independentemente, os organizados nas comunidades na sua relação de pressão
justa e legítima ante o instrumento da administração municipal, que é a
Prefeitura? Não é, no nosso entendimento.
Quanto à filiação no Partido dos Trabalhadores, devidamente
alertado pelo mesmo Vereador que, no espaço do PDT ocupou esta tribuna para
dizer que foram filiados funcionários que antes eram de outros partidos, ou
talvez não fossem filiados em outros partidos, mas que se filiaram ao Partido
dos Trabalhadores e, por isso, teriam garantida a sua não-demissão? Ocorre
dizer – e é necessário que se diga – que o Partido dos Trabalhadores tem um
processo sim profundamente político de filiação e tem-se construído e se organizado
dessa forma, e tem crescido na perspectiva de representação dos trabalhadores
que têm opção política espontânea pelo Partido dos Trabalhadores. Jamais a
coação, jamais qualquer tipo de instrumento de cooptação que não fosse o
programa político do Partido, que foi usado para fazer o crescimento dessa que
é a organização que mais constrói a representação independente dos
trabalhadores neste País. Nesse momento incorre em erro o Ver. Dilamar Machado,
quando diz que esse instrumento está sendo utilizado, como antes foi, por
vários partidos desta República, inclusive por, talvez, administrações que o
próprio PDT exerceu, e não julgaria dizer que este é o método de construção do
PDT, porque também não me parece ser injusto anotar que o Prefeito do PDT, em Curitiba,
demite trabalhadores daquela Administração, Administração herdada dele próprio.
E como nós encontramos aqui, neste momento, devemos dizer que os trabalhadores
estão postos diante da grande questão que foi colocada pela própria Câmara
Municipal que votou o Orçamento que leva a folha a 137% do seu valor, e que
leva, também, uma máquina administrativa montada na Administração do Sr. Alceu
Collares, os trabalhadores a sofrer a contradição que eles próprios se viram
envolvidos. O Prefeito Alceu Collares montou uma máquina e esta máquina não é
capaz de ser suficiente para gerir os problemas da Cidade, porque ela está além
das necessidades, dos instrumentos, necessariamente, postos à disposição da
comunidade de Porto Alegre.
Este problema foi criado na Prefeitura de Alceu Collares. E
a Bancada do PDT, hoje oposição, pretende jogar este problema nas costas da
Administração Popular.
A Administração Popular tem compromisso e o dever essencial
de administrar bem a Cidade. E tem a perspectiva de representar bem os
trabalhadores. Este problema vai ser resolvido e tem a nossa orientação.
Muito obrigado pela falta de conduta parlamentar, pelos
apartes anti-regimentais dos companheiros presentes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Wilson Santos, Líder do PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uso a tribuna apenas para corrigir uma citação infeliz do Ver.
Clóvis Brum, do PMDB, que, ao referir-se ao PT, disse que o PT aprendeu a usar
a Brigada Militar. Pareceu-me mal colocada esta expressão. Quero deixar bem
claro, e para que se registre nos Anais desta Casa, que a Brigada Militar
cumpre, estritamente, a sua missão constitucional. A Brigada não existe para
servir à cor política nenhuma, nem tampouco político-partidária. São 150 anos
de orgulho do povo rio-grandense, de possuir esta corporação. E a atuação da
Brigada Militar é sempre uma atitude de lisura em defesa da segurança do Rio
Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a
tratar, declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 15h50min.)
* * * * *